“Paranapiacaba”, em tupi-guarani, significa “lugar de onde se vê o mar” — e o Pouso honra esse nome com sua vocação de mirante. Erguido em 1922 em pedras e arcadas, foi pensado como refúgio para viajantes e mercadores que desciam a Estrada Velha de Santos. Hoje, mais de um século depois, mantém o mesmo espírito de pausa e contemplação: dali, o olhar vindo do planalto se abre pela primeira vez para o horizonte da Baixada Santista, sob o jogo imprevisível da neblina e da claridade.
Se antes os carros repousavam no local para seus viajantes abastecerem-se de água e recuperarem suas forças, agora são os ciclistas que encontram no Pouso um ponto de respiro antes de encararem os 8 km de curvas sinuosas até Cubatão. Entre alpendres, azulejos e o abraço da Mata Atlântica, o edifício se torna mais que uma construção: é um elo vivo entre passado e presente, entre movimento e contemplação, guardando em cada detalhe a memória de quem passa e a promessa da estrada que segue.
A arquitetura do Pouso de Paranapiacaba reflete a visão de Victor Dubugras, que em 1922 projetou um edifício robusto em pedra lavrada e tijolos, com arcadas, alpendres e varandas que dialogam com a paisagem da Serra do Mar. A construção mescla funcionalidade e imponência, ao mesmo tempo em que se integra à natureza ao redor, característica marcante do movimento neocolonial da época.
Os azulejos do Pouso de Paranapiacaba são um dos elementos mais marcantes da construção, trazendo a tradição portuguesa do azul-e-branco para compor murais decorativos e informativos. Entre eles se destaca o painel-mapa de 1922, que registra as estradas do estado de São Paulo no ano de inauguração do monumento, além de alegorias ligadas ao trabalho agrícola e ornamentos típicos da linguagem neocolonial. A autoria da obra é atribuída ao artista José Wasth Rodrigues, responsável por diversos murais do Caminho do Mar.
A velha Casa de Pedra, já passou por muitos processos de restauro, sendo que alguns originais ainda repousam nas paredes como testemunhas da história. Em sua fachada logo na entrada nossos olhos se deparam com o painel de azulejos, que revela o mapa das estradas de São Paulo em 1922. Mais que um registro geográfico, ele é uma porta para o tempo, lembrando os caminhos percorridos por viajantes e mercadores que desciam a Estrada Velha de Santos.